Testemunhos. “Comíamos por hábito, não por necessidade”: o jantar em família está a acabar?

Diante das mudanças nos estilos de vida e nos modos de comunicação, cada vez mais franceses estão abandonando os jantares em família feitos à mesa.
O tradicional jantar em família está fadado ao desaparecimento? Ainda não... mas os franceses estão dedicando cada vez menos tempo a ele, de acordo com um estudo da OpinionWay para a HelloFresh publicado em 2 de setembro (*). A pesquisa constatou que o jantar dura menos de 30 minutos em uma em cada quatro famílias. E para um terço dos pais entrevistados, o tempo gasto à mesa diminuiu entre 15 e 30 minutos em 10 anos.
Uma observação compartilhada por vários leitores do grupo EBRA (do qual nosso jornal faz parte), como Cédric, 41, de Pulnoy (Meurthe-et-Moselle): "Eu trabalho, tenho cinco filhos (de oito a 18 anos) em guarda compartilhada e a hora das refeições costuma ser um momento em que você tem que pensar no que fazer para o jantar e onde, à mesa, não há mais trocas como eu vivenciava quando era mais jovem". Para Sandrine, 45, de Laiz (Ain), o ritual do jantar morreu "porque percebemos que comíamos por hábito e não por necessidade".
“É difícil assumir tudo.”Já Laure, de 53 anos, de Dijon (Côte-d'Or), consagra esse momento: "Somos um casal com uma filha de 12 anos. O jantar é um momento para conversarmos sobre o nosso dia e o dia seguinte, sobre o que nos incomodou ou nos divertiu... Um verdadeiro momento de troca." Apesar desse apego à refeição noturna, "ela não dura mais de 30 minutos porque meu marido chega tarde do trabalho e não queremos que nossa filha vá dormir depois das 21h", continua.
Pior ainda, em 44% das famílias, os membros comem separadamente pelo menos uma vez por semana, em horários diferentes, de acordo com a pesquisa da OpinionWay. Entre os motivos para o declínio do jantar tradicional, a falta de tempo e o cansaço são de longe os mais citados, enquanto as famílias em que ambos os pais trabalham são muito mais numerosas do que antes. "Gosto de cozinhar, mas é verdade que é difícil dar conta de tudo: fazer a lição de casa, preparar as refeições, levar minha filha para as atividades, fazer uma pausa ou malhar...", relata Laure.
"O efeito dos celulares, das redes sociais e dos jogos online não nos permite mais discutir em família o que aconteceu durante o dia e as dificuldades dos nossos filhos", explica Cédric. "Às vezes, cozinho com as crianças para permitir a troca de ideias e tentar aprender mais sobre a vida delas fora de casa." Na casa da Sandrine, o jantar à mesa foi substituído por "momentos relaxantes em família com um chá de ervas e uma atividade compartilhada (discussões, jogos de tabuleiro, quebra-cabeças, etc.)".
Um momento que permanece “sagrado” para muitosNo entanto, a maioria dos leitores do EBRA considera o jantar um momento "sagrado". "O jantar é o único momento em que a família está reunida, então é a refeição em que passamos mais tempo: o momento dos reencontros, o momento para todos fazerem um balanço do dia e simplesmente o momento de compartilhar", enfatiza Caroline, 47 anos, moradora de La Wantzenau (Baixo Reno), perto de Estrasburgo.
A mesma coisa em Chaligny (Meurthe-et-Moselle), na casa de Géraldine, 52 anos: "É o momento do dia em que nós quatro podemos passar um tempo juntos, conversar sobre o dia um do outro, discutir as dificuldades ou, ao contrário, compartilhar nossas satisfações, falar sobre a organização do dia seguinte e, muitas vezes, nossos projetos (férias, passeios, etc.) e trocar nossos pontos de vista sobre atualidades, esporte, etc."
(*) Estudo realizado on-line de 30 de julho a 6 de agosto de 2025 pelo instituto OpinionWay para a HelloFresh com uma amostra representativa de 1.014 pais franceses de crianças de sete a 16 anos.
Le Progres